Família reunida ao redor da mesa, todos a comer e… a conversar ? Não.
Cada um com a atenção voltada para o seu telemóvel. Essa é uma cena muito comum hoje em dia.
E a prática também continua após as refeições, quando cada um vai para o seu quarto e lá passam horas interagindo com pessoas que estão a quilómetros de distância, enquanto não sabem sequer como foi o dia de quem está na sua própria casa.
Não é preciso muita reflexão para perceber o quanto esse tipo de relação vem afastando pais e filhos, e até irmãos.
Esse enfraquecimento das relações familiares é ainda mais prejudicial para as crianças que, necessariamente, precisam desse contacto para o seu pleno desenvolvimento.
Estatísticas recentes mostram um grande aumento de diagnósticos de depressão infantil, o que tem relação direta com essa atual desconexão das famílias, com menos vínculos afetivos, e menos orientações e limite, que são fundamentais para a construção da personalidade da criança. Os prejuízos que essas atitudes trazem são incalculáveis, as relações humanas e as trocas afetivas são fundamentais para construção da estrutura de cada pessoa. Uma criança em formação precisa conviver, conversar, ser ouvida e saber ouvir, por meio da sua família e amigos.
Quando se trocam as conversas do quotidiano e o ‘olho no olho’ por atividade no telemóvel, perde-se uma interação social extremamente saudável.
Uma ótima saída para tentar compensar todos esses prejuízos e fortalecer o vínculo familiar pode estar mais perto e mais acessível do que muitos imaginam: as antigas e simples brincadeiras, jogos e atividades em família.
São momentos em que todos relaxam, dão risadas, interagem e produzem a serotonina, um neurotransmissor fundamental para o bem-estar e bom humor do ser humano.
Retomar as atividades lúdicas entre pais e filhos por meio de alternativas simples (objetos, cartas, materiais escolares, etc.), além de aproximar a família e gerar troca de experiências, é um estímulo à criatividade e desenvolvimento das crianças.
Há, ainda, os jogos de tabuleiro, que oferecem grandes oportunidades de troca de experiências entre a família.
Mímica, desenho, jogo da memória, perguntas e respostas, jogo dos sete erros, stop, e até o nostálgico telefone sem fio, são jogos e brincadeiras que todos conhecemos e que podem trazer resultados surpreendentes na convivência familiar, criando ou retomando uma relação leve e divertida que gera confiança e interesse mútuo.
É na brincadeira que a criança estabelece vínculos, desenvolve capacidades físicas e motoras, reconhece seus limites, se apropria da sua história e explora o mundo.
Num mundo cada vez mais tecnológico, devemos ter cuidado, pois brincar não é clicar num botão e fazer com que o brinquedo faça o resto, não queremos expectadores. Queremos crianças ativas e curiosas.
A nossa dica de hoje é: esteja realmente presente no momento de brincar com os seus filhos, desligue o telemóvel, deixe a imaginação rolar e brinque, literalmente !